No dia 29 de Setembro de 2009, realizou-se na Galeria Fernando Pessoa, a conferência Educação Artística e a Ciência, no âmbito do ciclo Educação Artística do século XXI. O organizador deste ciclo foi o Centro Nacional de Cultura e o Clube Unesco de Educação Artística e, teve como principais oradores: João Lobo Antunes e João Caraça.
O inicio foi preconizado por João Lobo Antunes que começou por distinguir a arte da ciência. A Invenção a descoberta e a criação parecem distintas mas encontram-se ligadas, as duas primeiras à ciência e tecnologia e a última ligada às artes. Picasso referiu que não procura, encontra. Na ciência a criação tem um sentido diferente da arte, no que toca ao papel da imaginação. A arte não é um processo aditivo, enquanto que, a ciência passa de gerações a gerações é evolutiva e renovada. Por outras palavras; a ciência é mais utilitária e a arte mais pura. A arte tem a finalidade da criação do belo e a ciência preocupa-se com a descrição dos fenómenos de natureza, de forma precisa nas respostas e explicações. Kant reflectiu sobre a estética como o conceito da verdade e, a ciência está completamente indissociável deste. “Não há espaço no mundo para a matemática feia”. Assim, resumimos que há também emoção na ciência e até poesia, embora menos visível que na arte.
Seguiu-se João Caraça que iniciou o seu discurso abordando as duas manifestações como duas formas de conhecer o mundo. Ambas utilizam diferentes tipos de linguagens embora o objecto final seja o mesmo, mostrar diferentes aparências da realidade. A verdade é uma ilusão, com os modelos da ciência a verdade é explicada e inteligível. A ciência também tem conceitos, conta histórias e tem metáforas. Galileu disse que a natureza é um livro escrito e a matemática é também uma linguagem simbólica. Logo as duas disciplinas estão interligadas. O orador questionou-se:” Deve na educação artística serem introduzidos modelos mais científicos?” Explicando que até o artista plástico Cezzane considerava que a natureza se pode reger as esferas e cones, ou seja utilizava na sua arte conceitos científicos. Para se ser criativo é preciso saber-se muito, componentes filosóficas e científicas. Para muitos investigadores os diálogos entre a arte e ciência comungam a tecnologia e, é nesta área que poderemos encontrar soluções para o futuro.
A conferência terminou de maneira emotiva quando João Lobo Antunes referiu que o seu pai antes de falecer, perguntaram-lhe: “O que acha que deixou aos seus filhos?” Ao que respondeu: “O gosto pelo belo”. Concluindo-se que o fim da Educação Artística deve ser esse mesmo despertar do gosto pelo belo, simples e linear, como a ciência.
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